quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Quase lá.......

Caros amigos,
Estamos na estância climática de Teresina, Piauí! Esse blog vai sem frotografias, coisa que adicionaremos em uma nova versão, pois acreditem vocês:
TERMINAMOS E ESTAMOS PREGADOS!!!!!!!
Saímos na sexta-feira de Belém, sem antes despachar as arraias que havíamoscoletado em Cachoeira do Arari e dizer um tchau para o Jaime que havia nos ajudado muito antes de irmos à Ilha de Marajó. A estrada que liga Belém àTeresina não é das piores, mas começaram a aparecer as famigeradas panelas noasfalto à medida em que nos aproximávamos do Piauí. Em direção sul, avegetação (ou o que restou das florestas do Pará) mudou de pastagens enormes epouco produtivas com alguns fragmentos de floresta para um cerrado medonho deseco. Em meio a essa paisagem árida pipocavam enormes Ipês amarelos cuja imponente florescência contrastava com um solo vermelho. Curiosamente, à beirada estrada surgiam pequenos cemitérios quase que no acostamento. Como havíamos saído depois do almoço de Belém, certamente não conseguiríamospercorrer 911 Km para chegar ao nosso destino - Teresina (PI). Conseguimos chegar à Santa Inês (MA) que estava em festa por conta da presença das Bandas Cavaleiros do Forró e Catedral. Aqui vale uma nota: aparentemente os Cavaleiros do Forró estão parecendo os tucanos que acompanham nossas viagens - algum tempo atrás essa banda estava tocando quando estávamos coletando noTocantins! Enfim, nada muito de interessante nesse trecho a não ser o fato determos parado em um pequeno posto de gasolina no meio do nada e conseguirmos tomar um café expresso. Fácil de explicar como. O Fernando desceu do carro com a cafeteira italiana na mão, pediu a moça que "emprestasse" um pouco de café para por no filtro, água para o reservatório, fechou a cafeteira e pediu para que a pusessem no fogo e desligasse quando fizesse barulho. "É nóis"tomando um café expresso sem açúcar, no meio de pessoas que olhavam admirados com aquela engenhoca italiana.Chegamos em Teresina no final da tarde de sábado e fomos direto para o Velho Poty, um bairro às margens do Rio Poty de Teresina - onde o Fernando havia coletado uma espécie endêmica de arraias de água doce em 1996. Aqui não tem urubu como havíamos visto no Norte e as músicas não são tão irritantes e tão altas como no Pará. Fizemos alguns contatos e encontramos uma dupla muito boa que já no domingo a noite coletaria com a gente. Paneiro e China, dois pescadores locais são os responsáveis pelo fato de termos conseguido com que as coisas funcionassem rapidamente aqui. Já no domingo, a dupla e o Maureba foram para a confluência do Rio Poty e Parnaíba e conseguiram algumas arraias. Um outro pescador pegou mais algumas e de segunda para terça nossa dupla dinâmica pegou mais algumas arraias. Enfim, ao final de terça-feira processamos 11 arraias - algumas gigantes diga-se de passagem. Demos por encerrada a coleta. Enfim, Teresina é infernal!!!!!!!!
Um calor insuportável, um vento quentec onstante e um ar muito seco. Amanhã pegaremos a estrada e possivelmente chegaremos à São Paulo na sexta-feira tarde da noite.
Beijos e abraços,
Fernando, Maureba e Verônica

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Ilha de Marajó: entre búfalos, arraias e escovas

Caros amigos,
O último blog que mandamos havia sido escrito, em grande parte – limitações da bateria do laptop, na balsa que nos levava para Ilha de Marajó . Fazemos o mesmo neste momento agora no caminho de volta para Belém. Nossa ida à Ilha de Marajó tinha como objetivo coletar no município de Cachoeira do Arari, o que fizemos, mas não imediatamente. Aportamos em Camará por volta das 12 horas de sábado e seguimos direto pra Cachoeira do Arari, onde deveríamos encontrar o Catarino – um antigo contato que tinhamos nesta localidade. Partimos de Belém com outros nomes, caso não encontrássemos o Catarino. Ainda bem, pois é o Catarino não foi encontrado, mas encontramos o Jorginho que lá para as 14 horas já havia tomado muita cachaça! Ao dizermos que foi o Jaime de Belém que havia indicado seu nome para nos ajudar a coletar as arraias Jorginho, pescador de peixes ornamentais dizia: “No meu coração tem uma ponta de ouro para o Jaime e por onde eu passo eu deixo alegria e amor pois isso me traz oportunidade!” Bom,o estado do Jorginho não inspirava muita confiança, mas sábado a tarde, em uma cidade como Cachoeira do Arari, poucos eram os homens que estavam sóbrios. Voltaremos ao Jorginho e a cachoeira do Arari mais adiante, pois como Jorginho nos informou que eles só coletariam na segunda-feira decidimos passar o domingo em Soure. Desta forma, após combinar o que poderia ser combinado com o Jorginho naquele estado partimos para Soure. Realmente a Ilha de Marajó uma região diferenciada em nosso país, e certamente Soure é onde se sente muito do que a Ilha. É Fundada em 1924, Soure difere das demais cidades que vimos aqui no Pará. Suas ruas são demasiadamente largas para o porte da cidade - umas pavimentadas, outras não, há enormes mangueiras por toda a cidade, as pessoas são muito educadas e prestativas e paira pelo ar uma coisa meio caribenha. Existem pelo menos duas grandes missões católicas que devem datar da fundação da cidade e garantem a predominância de igrejas católicas na região – ao contrário das inúmeras igrejas evangélicas que permeiam os povoados por onde passamos e finalmente, a cidade está organizada por ruas e travessas numeradas, como New York! Outra coisa que chama a atenção é a presença de búfalos por toda a parte, não somente pastando pelas enormes planícies da ilha mas participando do cotidiano de Soure. O cotidiano dominical de Soure. Uns contemplam o vento fresco e o sol ainda gentil da manhã, outros cuidam se seus afazeres. Chegamos à Soure por volta das 6 da tarde e depois de convencer o recepcionista de uns dos melhores hotéis da cidade a nos dar 40% de desconto na diária estávamos instalados em um hotel com piscina, na frente do mar! Um luxo para as pobres almas sofredoras, mesmo que temporário. Como havíamos acordado às 4:45 e rodado bastante estrada de chão sob a temperatura amena desta região a noite foi curta, porém a piscina se tornou irresistível para o Maureba e a Verônica enquanto o Fernando tentava se livrar de seus parasitas! Pela manhã de domingo, decretado o feriado geral, comemos tudo que havia a disposição na mesa do café da manhã – como o Fernando e o Maureba disseram “eram nós contra eles” e comendo muito economizaríamos o almoço! Entupidos, Mauro e Verônica decidiram ir a praia, Fernando e seus parasitas ficaram no hotel escrevendo o blog anterior e prestando seus serviços de orientador-remoto. Quase ao meio dia Mauro e Verônica retornariam ao hotel para buscar o orientador, pois como diziam eles: “Você precisa ver essa praia!!!!!!!!!” Eles estavam certos, aquilo era realmente magnífico. Principalmente a paisagem de tormenta que se aproximava no momento em que chegamos. A praia do Pesqueiro é muito longa. Logo que se chega a praia observa-se uma lagoa gigante à esquerda e à direita a praia parece não ter fim. Há alguns quiosques e suas mesas que sevem cerveja e aperitivos. Nessa época do ano o praia é visitada por poucos moradores e alguns turistas que por ventura vieram parar nessa parte do mundo. Segundo Mauro e Verônica a água é doce (ou levemente salobra) – o que é fantástico para uma praia com ondas! O vento leste/sudeste é constante e rege a dinâmica climática da região e tempestades como estas são, via de regra, efêmeras – o sol quente não tardaria em voltar nesta tarde. Como pé-bichado não combina com praia, voltei à cidade enquanto Mauro e Verônica curtiam seus últimos momentos de glória. Voltaria mais tarde para atolar o carro 3 vezes na areia e recolher as almas danificadas pelo sol, vento e cerveja! Esqueci de dizer, o Berinho também estava na praia! Jantamos e dormimos. Como segunda-feira é dia de trabalho, arrumamos as coisas, tomamos um café da manhã light, fizemos hora e partimos em direção Cachoeira do Arari pouco antes do almoço. Embora o trajeto seja menos de 100 km – sendo que aproximadamente 30 km é asfaltado e o restante, de Condeiras a C. do Arari, uma estrada de chão muito melhor do que alguns techos da Belém-Brasília, perde-se um tempo enorme se não tivermos a sorte de chegar no horário das duas balsas que temos que usar para chegar à esta cidade. A estrada que nos leva a Cachoeira do Arari atravessa alguns vilarejos e uma enorme planície onde pastam uma quantidade absurda de búfalos e alguns outros animais (bovinos, caprinos e, acreditem, até suínos pastam por essas bandas!). Chegamos à Cachoeira do Arari no final da tarde, e já fomos calorosamente saudados por um fanático pelo Paissandú , que em troca pela emotiva saudação nos pediu um real para tomar uma! Não tínhamos. Cachoeira do Arari uma é cidade típica paraense, coisa que descrevemos anteriormente. Não, aqui ninguém mencionou Ets. Mas tem urubu a dar com o pau, criançaa na mesma proporção que cachorros na rua, valas de esgoto correndo livre, leve e solto e um megafone (boca de ferro) insuportável que anuncia a partida dos recreios para Belém, faz propaganda do comércio local, toca orações, brega, tecno-brega e até Titãs (é mole??). E bem alto!!!!! Logo que chegamos fomos a procura do Jorginho, lembra? Aquele que estava meio travadinho no sábado quando chegamos a Ilha? O Jorginho tomou lugar do Catarino em todos os sentidos. Catarino, que sempre foi atravessador, agora é vereador na cidade, e prefere a boa vida política à vida insípida de piabeiro (nome atribuído aos pescadores de peixes ornamentais). Voltando ao Jorginho, não é que ele já havia conseguido algumas arraias no domingo mesmo com o pessoal que “trabalha para ele”! Esse sim é um figura! Logo que chegamos ele não estava, pois estava no rio a procura de nossos animais, por que segundo ele o pessoal não coletou muito bem e ele mesmo teve que ir lá pra garantir as promessas que ele havia nos feito no sábado – olha que jurávamos que ele não se lembrava de muito! Trabalhar com a ajuda de pescadores de peixes ornamentais sempre é mais fácil, quando eles cumprem a palavra de coletar o que você deseja. O que foi o caso. Os animais são coletados com cuidado, manipulados com destreza de quem sabe que não pode danificar o material e mantidos em viveiros até a entrega. E assim foi feito. Em dois dias de trabalho processamos 37 arraias – quem já fez isso sabe que 10 por dia é pauleira, mas como queríamos andar com as coisas em Cachoeira do Arari, nós trabalhamos arduamente – vai ver que foi culpa pelo domingo de folga! A logística foi um pouco diferente de Colares. Como os bichos eram coletados e colocados no viveiro, logo de manhã íamos com o carro buscar os animais em basquetas e levá -los para o “hotel”. Lá, debaixo de uma enorme amendoeira, processávamos o material aos olhos dos curiosos (maioria crianças) que passavam pela rua e viam que ali estava acontecendo algo inusitado. O arranjo de funções foi o mesmo de sempre, e aqui cabe algumas correções. Segundo Mauro e Verônica, todos os trabalhos são ingratos nessa temperatura, não somente a fixação dos hospedeiros em formol – função atribuída ao Fernando, como dito no último blog. Coloco aqui um lamento, o saco de trabalhar com o formol o dia inteiro é ter que usar instrumentos para segurar o cigarro! (por sinal o Samsom acabou em Cachoeira do Arari!!!). Bom, foram 3 noites em Cachoeira do Arari e certamente devemos muito do conforto de trabalhar com animais vivos aos pescadores coordenados pelo Jorginho. Mesmo no curto período que tivemos na cidade aproveitamos para registrar um evento cultural que parece estar tomando conta dos homens dessa região. Todos eles, na faixa etária que varia dos 4 aos aprox. 30 anos possuem um corte de cabelo característico ao qual atribuímos o nome genérico de “escova de xoxota” (com o perdão da palavra chula). Eis algumas evidências etnográficas que carinhosamente compartilhamos com vocês. A balsa chegará em Belém em breve e isso já ficou longo demais. Amanhã partiremos para Teresina depois de despachar umas arraias e pegar nossa encomenda com o Alexandre mandada pelo Ricardo e pela Cris – gente, sem Samsom não dá!

Beijos a abraços a todos.
Fernando, Verônica e Mauro

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Adeus Colares e Rumo ao Marajó

Caros amigos,
Esperamos que não tenham ficado com a impressão de que todo mundo é meio louco em Colares. Podemos dizer que tivemos muita sorte em ficar no “hotel” da Mara e encontramos muitas pessoas simpáticas e dispostas a nos ajudar. Mas também, como sempre, encontramos tranqueiras – como se encontra em qualquer parte do mundo. Aqui nos referimos ao infeliz incidente que tivemos com nosso ajudante local, o Junior, Juninho ou Bacu – como é conhecido em Colares. Bacu foi um daqueles locais curiosos e desocupados que sempre encontramos em todas as coletas independente de estado da federação onde nos estamos. Ele “foi contratado” como responsável pela lavagem de materiais, pegar os bichos quando chegavam, fazer isso, fazer aquilo... ou seja, todas aquelas pequenas coisas que tomam tempo e desviam nossa atenção dos vermes embora muito necessárias. Outro dia ele aparece no meio da tarde com um amigo que dizia ser filho de um dos pescadores que estava nos ajudando a coletar os hospedeiros e que precisava de dinheiro para comprar remédio para a mãe doente; portanto viera para receber pelas arraias que o pai havia coletado. Como não tínhamos todo o dinheiro adiantamos dez reais e dissemos que viesse mais tarde para pegar o restante e preencher o recibo. Ele nunca retornou. No final da noite, o Bacu volta com uma cara de quem havia tomado umas e outras dizendo que precisava de três reais para comprar leite. Qua! qua! Não foi dificil fazê -lo confessar de que o dinheiro era para tomar umas. Por azar do Bacu, logo após adiantarmos os reais que pedira surgem dois irmãos dizendo ser filho do mesmo pescador que já haviamos adiantado dez reais. Vixe, ai começaa a confusão! Para encurtar a história, o Bacu havia arquitetado a maracutáia para conseguir dinheiro para tomar umas. Tivemos de “demiti-lo” mesmo que implorasse por desculpas. Depois descobrimos que haviamos tomado outros cambáus da mesma natureza ao longo da semana! Enfim, esse foi nosso único incidente em Colares, o resto, só alegrias (incluindo a muqueca de Potamotrygon orbignyi –uma das espécies de arraia de água doce que ocorre em Colares, que fizeram especialmente para nós no restaurante que comíamos todos os dias; fantástica!) ... bom, quase. Deixamos Colares na sexta-feira por volta das 11 horas. Na realidade a retirada começou na quinta-feira. Neste dia processamos as arraias pela manhã e depois resolvemos ir a Belém para despachar 200 kilos de arraias para São Paulo. Pedimos ao marceneiro local que nos fizesse uma caixa de 120x80x50 cm, que nos custou 90 reais, colocamos as arraias dentro e partimos após o almoço. Despachar as arraias não foi tão simples como pensávamos, pois foi difícil conseguir uma transportadora que levasse a encomenda para São Paulo, mas finalmente conseguimos, depois de inúmeras tentativas – principalmente de seguir as informações que recebíamos entre uma transportadora e outra, pois aqui a direita pode ser a esquerda e vice versa! “Logo ali” pode estar a qualquer distância. Enfim, na semana que vem essa caixinha de arraias deverá estar entulhando o já entulhado corredor do Departamento de Zoologia. De volta à Colares fomos a orla conversar com o Berinho. Enquanto o papo vai não é que surge de um terreno baldio um tamanduá -mirim! Esse caminha em nossa direção com aquela curiosidade de tamanduá -mirim, cheira aqui, cheira ali, desvia a uns 3 metros de nós e segue caminhando pelo meio-fio da rua em direção à igreja. Morremos de rir, pois nunca vimos um tamanduá -mirim mais arredio como esse. Fomos dormir. Na manhã seguinte começou o processo de retirada formal da cidade. Isso incluiu arrumar a bagagem do carro, pagar a todos os pescadores e demais colarenses que devíamos e conseguir remédio para nossos novos tripulantes – exemplares de Ancilostoma sp. que, sem serem convidados, começaaram a seguir viagem com a gente. Esses sim são os verdadeiros alienígenas de Colares! Para quem desconhece, Ancilostoma é o gênero do tão conhecido bicho-geográfico ou larva migrans. Pois é, alguns deles pegaram carona no pé do Fernando. Ele tinha atribuído nomes aos companheiros, mas como a cada dia descobria mais um – atualmente são 4 do pé direiro e pelo menos 3 no esquerdo, desistiu da idéia. Antes de partir o Fernando foi ao posto de saúde de Colares para ver se eles lhe davam uma amostra da pomada Thiabena®, mas só havia o genérico Tiabendazol, mas para via oral – que ele nem sabia que existia. O médico, sob sua insistência de obter a pomada, lhe disse que havia inadvertidamente receitado o genérico Tiabendazol a uma paciente de Colares e ignorando o fato de que a aplicação deveria ser oral prescreveu a ela que aplicasse o medicamento topicamente! Ele lhe garantiu que dava certo! Ele também sugeriu que o Fernando aplicasse um anti-micótico, ignorando que bicho - geográfico não é fungo e sim um nematódeo. Como pragas dermatológicas devem ser consideradas medicina de urgência, pois é necessário tratar rápido antes que se curem sozinha – o Fernando desistiu dos conselhos do médico e foi em uma das duas farmácias de Colares e comprou a pomada. Assim, nós e nossos amigos partimos para Belém. Belém foi só correria, muito transito e, um calor da porra! O Fernando ligou para um antigo amigo – Jaime, que muito gentilmente nos levou para as bibocas do Guamá e do centro da cidade onde poderíamos comprar formol, fralda, álcool e etc. O que deu mais trabalho foi encontrar as castanhas do Pará para matar a vontade-patológica da Verônica de comer essas delicacias paraenses. Havíamos estado em Bélem em duas outras ocasiões mas ou esquecemos ou não encontramos as benditas castanhas. Fomos encontrar essas castanhas em um cruzamento quando estávamos a caminho do hotel. Após esse dia de correria fomos ao hotel para tomarmos um banho, dar uma breve descansada e sairmos para pegar o Jaime para jantarmos. A noite foi curta para o dia longo como o que tivemos. Dormimos pouco, 4:45 levantamos partimos para Icoaraci e pegamos a balsa para Ilha de Marajó que sairia as 6:30. Foi essa nossa trajetória de Colares Ilha de Marajó.

Beijos e abraços a todos.

Fernando, Verônica e Mauro

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Os ETs de Colares... Eles existem!!!!

Caros amigos,
Como havia sugerido anteriormente, esta cidade parece ser habitada por outros seres além de urubus, galinhas, cachorros, chupa-chupa e, claro, muitos paraenses. Quando estive aqui pela primeira vez, em meados de 2003, não notei a presença – mesmo que subliminar de alienígenas. No entanto há quem acredite, há poucos que dizem ter visto, há aqueles que ouviram falar e até descrentes de tudo isso. Como em qualquer lugar deste planeta, e de outros quem sabe.
Domingo passado resolvi dar uma andada pela cidade, procurando manifestações de seres extra-terrenos. Os mais entendidos sugerem que seja feita uma vigília, no farol de preferência, para que se possam apreciar esses seres. No entanto fiquei com medo do chupa-chupa – que só ataca a noite! Os relatos são dos mais fantasiosos. Os lúcidos e crentes relatam observações de luzes no céu. Os semi-lúcidos e muito crentes relatam a observação de naves, ou outros objetos incapazes de terem sido fabricados por nossa raça, pairando sobre o espaço aéreo de Colares (PA). Os mais fantasiosos contam que houve casos no qual uma nave projetava uma luz sobre o cidadão e de dentro deste feixe luminoso saia um raio laser que atingia o sujeito. Uns ficaram atrofiados, outros lesados temporariamente – como se a “energia vital” tivesse sido sugada pela nave; relata um estudioso do assunto, Hilberto Freitas. Devem ter ocorrido muitos eventos como esse aqui, pois leseira o que não é falta. Acho que até fomos atingidos e não vimos! Mas como disse, perambulava eu pelas ruas de Colares na manhã ensolarada de domingo. Enquanto fotografava as evidências que encontrava, fui abordado por um descrente fervoroso que aos berros dizia: “Isso uma é vergonha!”, “Não existe nada de ETs por aqui!!”, “Isso tudo é invenção!”... e assim proclamava sua completa ausência de fé. E caminhava eu, quando parei em frente à Rádio Comunitária de Colares onde, obviamente, existem vários Ets: na entrada, na sala de programação e até na cozinha do seu Hilberto Freitas – de onde ele tirou um “feto” de ET! Este faz parte dos fervorosos, pouco-lúcidos e semi-esquizóides, defensores da crença em ETs. Ex-marinheiro de nossa Marinha Mercante, confesso profundo conhecedor das coisas do além e dono da única rádio local. Hilberto conta muito sobre o que sabe. Mas isso daria um livro. O interessante é notar que ele realmente se empenha em defender a presença de ETs em Colares, possui seu observatório particular ao lado da rádio e centraliza as informações sobre o assunto na região.
A história que mais me chamou a atenção, e que fora ouvida ao sabor do café paraense (aquele com muito açúcar e pouco pó) que ele gentilmente me ofereceu naquela manhã de domingo foi uma que relacionava o nascimento de Jesus, o de Nazaré, e ETs. Perguntava retoricamente Hilberto: “Quem você acha que inseminou Maria?” Eu disse que não tinha a menor idéia. Ele seguiu: “Maria foi inseminada por extra-terrestres e melhor nós nos prepararmos para essa verdade!” Interessante. Não tracei nenhum julgamento sobre essa teoria, ouvi muitas outras histórias e voltei para o hotel. Fato que há de tudo aqui e coisas como essas não parecem anacrônicas. Todavia, o relato mais sincero que ouvi na verdade partiu de outra pessoa que encontramos em outro dia. Pelo que sabemos Jose – uma morena linda com fortes traços indígenas que uma vez pensou em ser freira e hoje ajuda a mãe em um pequeno restaurante de Colares, dizia: “É uma pena tudo isso. Eu nunca vi essas coisas, mas não descarto a possibilidade de que existam. O problema que isso tomou conta de tudo. As pessoas acham que Colares só têm isso e a cultura local está sofrendo muito com isso. Coisas como o Boi, o Carimbó, o Maracatú e muitas outras expressões artísticas estão sendo esquecidas por conta desses Ets!” Imediatamente eu pensei: “Há vida inteligente nesse planeta!!!”

Beijos a abraços a todos.
Fernando, Verônica e Mauro

domingo, 19 de agosto de 2007

Começaram os trabalhos

Caros amigos,

Eis uma descrição breve sobre nosso cotidiano, esse foi nosso primeiro dia, e os que se seguiram são basicamente versões sobre o mesmo tema – diferindo apenas sobre novas histórias sobre ETs e o aparecimento de novos personagens sinistros que assombram essa região (hoje foi o chupa-chupa, uma versão paraense do chupa cabra pelo que pude entender).
Como não basta ser orientador, tem que participar e até mesmo alimentar, sou responsável pelo café da manha. Como havia dito é anteriormente, nosso “hotel” nãopossui esse serviço. Acordamos bem cedo, e enquanto Verônica e Mauro inicializam o sistema cerebral eu desço até a cozinha para providenciar o café, queijo, manteiga (de verdade), fruta, iogurte e comprar pão na padaria que fica a meia quadra daqui. Alimentados, partimos para beira da Baia de Marajó em um ponto informal de desembarque e ao lado do boteco do Zé Maria, que nos fornece mesas, água, doce e uns refrigerantes essenciais a medida que o sol começa aderreter nossos cé rebros. Uma vez é montada a parafernália parasitologica – impressionante o é que a gente precisa, ou achamos que precisamos, esperamos.
Dependemos de pescadores que começaram a vida como esse menino. Aqui a pesca e completamente artesanal. Vimos apenas uma ou duas embarcações com motor. Geralmente os pescadores, pelo menos aqueles que estão utilizando espenhéis, saem por volta das 11 horas na noite quando o vento os leva para dentro fora. Coletam iscas com redes e colocam o espinhel no meio da madrugada. O espinhel recolhido ao nascer do sol e aproveitam a inversão do vento que começa a soprar na direção mar-terra para retornar ao porto. Dependendo da mar , os barcos chegam sem é poder alcançar a beira da praia; pois na mar baixa, o relevo é lodoso dessa baia for a os pescadores a acompanhar a mar a pé. Nessas embarcações chegam nossos animais. Como tudo conspira contra a manutenção adequada dessas arraias, pois há o pavor que esses pescadores têm desses bichos, a falta de cuidado inerente daqueles que não se importam muito com a coisa e o tempo deste a retirada do espinhel até a chegada ao porto, difícil que os animais cheguem é vivos em nossas mãos. Desta forma, temos que processar o material o mais rápido que podemos para não perder nossos preciosos verminhos. A divisão de atribuções ficou assim: Verônica ficou por conta da retirada amostras de tecido, válvulas e brânquias, Mauro com a fixação do material que a Verônica retira e eu fiquei com o trabalho ingrato de fixar os hspedeiros. Ingrato porque esquecemos as nossas agulhas veterinárias e estamos usando o que tem na farmácia local: agulhas que constantemente entopem, entortam e perdem o fio muito rapidamente. Graça a ao bom Senhor o vento sopra constantemente o que minimiza o perfume do formol. Toda essa diversão durou toda manhã , pois s conseguimos 5 animais nesse dia. Recolhemos o material, deixamos as arraias esticadas no chão para que fixem adequadamente e fomos comer. O almoço aqui mata a gente, tanto que a cidade fica repleta de fantasmas – até os cachorros somem (e olha que tem um monte)! O sol do meio dia às 15 àhoras de matar até paraense. Assim, seguindo o protocolo dos Colarenses demos uma jiboiada e no final da tarde fomos embalar os hospedeiros que havíamos deixado na praia. Esse foi o fim de nosso dia de parasitólogos. Como o dia havia sido
relativamente light, resolvemos dar uma de aracnólogos amadores e partimos em uma noite linda de estrelada para uma estrada de terrapróxima cidade em busca de escorpiões para o Ricardo. Caminhamos até o Maureba reclamar dos sapatos, mas nessas duas horas de caminhada demos muitas risadas com as histórias que todos tinham a compartilhar de nossos tempos de estudantes secundaristas. Chegamos a conclusão que todos nós fomos muito delinquentes nessa idade, mas escorpiões para o Ricardo ficamos devendo!
Beijos a abraços a todos.
Fernando, Verônica e Mauro

15-08-2007: Chegada em Colares

Caros amigos,
Inicialmente peço-lhes desculpas pelo aparente desleixo com a nossa lingua Portuguesa. Mas esse teclado não esta configurado propriamente e eu nem quero tentar resolver esse problema.
Bom, já cumpri minhas atribuições de orientador online & remoto corrigindo a qualificação da Karin, assim me dou o direito de contar um pouco de onde viemos parar. Estamos em Colares (PA), uma cidade como a maioria das cidades do Pará, se nao fosse pelo fato de que aqui parece ser a nova capital dos E.Ts. Isso mesmo! Melhor que Varginha (MG), garantem os moradores. A cidade merece melhores detalhes – isso sera feito em edicoes futuras. Chegamos aqui depois do almoço e conseguimos fazer todos os contatos para que amanha possamos trabalhar com nossos animais. Quem garante isso e o seu Perema, um velho pescador com a pele judiada dos anos de castigo que o sol paraense confere, que me ajudou quando estive aqui em 2003. Conseguimos um lugar muito bom para hospedar – melhor do que eu supunha. Temos um quarto para todos nos, com banho frio (o que e comum nesses confins) e uma dona (Mara) muito gente fina. Nao ha cafe da manha, o que eu acho ate melhor – pois detestamos café com açuucar e margarina, mas temos uma cozinha a nossa disposição, ou seja, temos o que precisamos, menos as arraias que certamente virão amanha – pois aqui tem arraia demaisssssssss!!!!!!!
No momento so informo que estamos bem – vivos afinal e nos preparando para amanhã. Como a coisa certamente sera corrida adiantamos tudo que se pode andiantar em nossas coletas. Separamos o material que potencialmente usaremos, preenchemos parcialmente etiquetas e fixas de campo. Acho que fizemos tudo... haha!
Bom e isso por hoje.

Beijos a abraços a todos.
Fernando, Veronica e Mauro

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Caminhando em direção ao Equador

Caros,
Eis um relato do que se passou nesses 3-4 dias de estrada saindo da latitude de 23º até chegar à 7º. Era para ser uma relato ilustrado com algumas imagens, mas isso fica para o próximo. Se alguém tiver curiosidade, olhe no mapa nosso trajeto, mas isso só ´ra ter noção de onde saímos e onde estamos. Fizemos o percurso em 3 dias, o que nos rendeu uma média de 1000 km/dia. Aquele tipo de coisa que quando você chega ao hotel toma um banho (quando toma) e desmaia. A primeira perna dessa saga foi de São Paulo à Anápolis (GO), onde começa a famosa Belém-Brasília - que não sei por que se chama assim já que não começa em Brasília! O auge deste percurso foi a parada estratégica em Uberaba (MG) onde a mama Lili (mãe do Maureba) estava nos esperando com aquela comidinha mineira leve (tutu, bisteca, couve e etc - e umas cervejas!). Na realidade parecia festa - dizia a lenda que uma faxina geral foi feita para nos receber. O que rendeu muitos comentários da ala masculina-folgada-mineira de que nós deveríamos passar lá mais vezes para que tudo ficasse em ordem. O mais interessante mesmo foi o carinho mineiro. Mama Lili muito orgulhosa e feliz de ver o devasso do filhinho e nos tratou com o mesmo carinho. Bom depois da comilança, e o pudim de leite da Lili seguimos viagem até o destino final deste dia. No caminho o cerrado em chamas, não literalmente mas muito seco. Também encontramos aquele tucano que sempre nos salda em viagens de coleta. Para mim o tucano cruzando a estrada é sempre sinal de que finalmente sai de São Paulo e muito provavelmente pegarei umas arraias.A segunda perna começou às 7 da matina com destino a Araguaina (TO). Um dia sem muitas novidades, aquele mesmo cerrado e a surpresa de que a Belém-Brasília não era tão ruim como esperávamos. Percorremos 800 km sem conseguir tomar uma café que não fosse uma garapa de tanto açúcar. Até que chegamos em Barrolãndia (TO) - que é a capital do mel e não do barro como o nome sugere! Aliás uma digressão intressante, no Tocantins só tem cidade que termina com -ópolis ou -lândia. Bom só cerrado e nossa luta infindável para fazer o som do carro funcionar. Compramos uma daqueles K7s que pode ser conectado em um Ipod - que merda de mistura de tecnologia, é claro que não tinha muito pra dar certo. Primeiro tentamos limpar o cabeçote do toca fitas, o que não resolveu. Depois tentamos desabilitar o auto-reverse do toca-fitas que fica confuso com o sinal que recebe da fita falsa, também não descobrimos como! Mas o fato é que o som funciona quando quer. Algumas vezes stereo, outra mono. Muitas vezes mal equalizado, mas fazer o quê? Assim chegamos em Araguaina e como de costume, comemos e dormimos.Última perna. Nos restavam aproximadamente 900 km para chegar em Belém. O que parecia muito fácil não fosse o fato de que a estrada deu uma pioradinha no Maranhão e no Pará. Mesmo assim temos que dar crédito ao Lulinha-paz-e-amor-tapa-buracos! Não há panelas nessas estradas, simplesmente em alguns casos ela é um pouco irregular. O que garante uma boa média de quilometragem, sem perder os pneus! Aos poucos a paisagem seca do cerrado foi sendo substituída por uma vegetação mais úmida e encorpada - bom encorpada onde ela sobrou. O sul do Pará já era! As cidade de Paragominas - vê se isso é nome de cidade, e as adjacentes fizeram um bom serviço em serrar tudo que esta no sul do Pará. Chegamos em Castanhal por volta das 18 horas e paramos para sacar dinheiro. Depois partimos para Colares. Para tanto é necessário sair da Belém-Brasília e seguir para Vigia (PA). Ai constatamos algumas coisas interessantes. Placas de sinalização para a estrada de Vigia só existe para quem vem de Belém! Então acho que fizemos parte dos milhares que vindos de outras localidades perderam a entrada e tiveram que retornar para encontrar a placa. Isso acontece muito com placas de lombadas. Por falar nisso, geralmente eu não presto muita atenção nem naquelas que tem sinalização, assim imaginem que eu voei sobre inúmeras nesses 3000 km. Outra coisa interessante é que o pessoal no final na noite gosta de deitar na beira do asfalto! Dá pra atropelar uma porção se não ficar esperto. Quando entramos para Colares encontramos uma balsa. Algo que havia me esquecido. Como era a última viagem dessa balsa, resolvemos seguir para Vigia. Cidade - bom quase uma, maior onde a possibilidade de encontrar um lugar para dormir é maior. Foi o que fizemos. Comemos e dormimos.Hoje estamos fazendo uma horinha aqui para depois seguir para Colares, onde provavelmente não haverá como reportar novidades via internet!
Beijos,Fernando